segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dos menores aos maiores

Problemas. Estão sempre relacionados com as nossas prioridades. Quando temos algo que nos preocupa é esse o maior problema da nossa vida. E aí, todos somos egoístas. Não importa que possam haver problemas maiores mesmo aqui ao lado, o que importa são os nossos, por isso mesmo, porque são nossos. Agora quando nos deparamos com um problema grave, olhamos para trás e achamos que gastamos demasiadas energias ao dar importância a coisas insignificantes. Foi o que me aconteceu há dois meses. A minha avó, que me criou, e com quem sempre vivi, uma mulher cheia de saúde, ficou, de um dia para o outro, limitada a uma cama de hospital, quase sem se mexer, e sem falar. AVC, muito, muito extenso. O pior para ela é que está consciente de tudo à sua volta e não se consegue expressar. Desde esse dia, eu o meu irmão, e, principalmente, a minha mãe, temos desdobrado o nosso tempo para acompanhá-la o mais possível, para que tenha sempre visitas, mais que uma vez por dia, para se sentir amparada e acompanhada. Até agora temos conseguido, e ela a pouco e pouco tem vindo a melhorar, mas nunca vai voltar a ser como era. Nunca mais vai voltar a ser independente, vai sempre precisar de nós para tudo, ou, na melhor das hipóteses, para quase tudo. É claro que a minha mãe sobrecarrega-se a ela para nos poupar, mas também não podemos deixar que ela entregue a vida dela à doença da minha avó. Está desempregada há um ano e agora surgiu uma oportunidade de trabalho, uma boa oportunidade. Mas levanta-se a questão: como vamos fazer quando a minha avó tiver alta, daqui a pouco mais de um mês? Não vai poder estar sozinha, e a familia somos só nós. A minha mãe não pode deixar de trabalhar. E não há dinheiro para pagar o balúrdio que pedem num lar (em condições, porque está completamente fora de questão ir para um qualquer). A olhar para isto, desvalorizo tudo o que valorizei até agora. Todos os "problemas" que tive até aqui foram legítimos, mas em importância não chegam nem perto deste. Talvez, isto me tenha servido de lição. Talvez comece a dar valor ao que realmente importa. Talvez olhe para o futuro com outros olhos. Ou talvez não. Talvez continue a valorizar as pequenas coisas e a preocupar-me com elas, como até aqui. O que é certo, é que vou sempre parar e comparar, porque foi comigo. E não posso ser hipócrita e dizer que antes conseguia valorizar o que acontece com os outros, porque não é verdade. Só conseguimos atribuir valor ao que nos bate à porta.

1 comentário:

Pink Panther disse...

É verdade... só damos valor às coisas qd elas nos batem à porta... é uma situação mto complicada a tua... como de tanta gente... nunca pensamos que um dia pode ser connosco... vou-te so dar umas dicas, dependendo do estado em que a tua avó tiver alta... há instituições como a santa casa que vão a casa dos idosos dar as refeições, banho, limpezas básicas por pouco dinheiro... a minha mãe pediu um auxilio destes para cuidar do meu avô e têm sido impecáveis... claro que exige que a pessoa tenha uma certa independencia mas ajuda bastante.