sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Amigos, amigos, negócios à parte

Quero ser o mais justa possível, mas não estou numa posição fácil. Há mais de 10 anos que "trabalho" praticamente sozinha num projecto que me é muito querido. A única ajuda que tenho tido, mesmo que pouca e por vezes ineficaz, tem sido a dela. Foi nela que descarreguei os nervos e o stress das situações mais complicadas, foi nela que tentei delegar o trabalho, visto fazer parte da direcção. Passei a frequentar a casa dela e quase a fazer parte da família. Muitas vezes olho para trás e vejo que mesmo assim fiz quase tudo sozinha, que o que ela ajudou foi a meu pedido, e o que fez por iniciativa dela não facilitou em nada o trabalho. Há bastante tempo que penso que a posição dela no trabalho deveria ser substituida. Que devia entregar a pasta e passar o lugar a outro que estivesse mais disponível. Nunca lhe disse nada, porque eu própria não daria conta do recado sozinha (do meu e do dela), porque ia sempre precisar de uma pessoa, e embora a minha confiança nela, enquanto "profissional" não fosse total, e sentisse necessidade de supervisionar sempre tudo, enquanto amiga gosto muito dela. Quero poder dizer que as coisas não mudaram assim tanto, desde há 5 ou 6 meses, mas não consigo. Outra pessoa chegou, e houve mudanças muito significativas. Agora somos duas na minha posição, e a posição dela tem sido posta em causa, porque afinal sou eu, e agora também a nova colega, que fazemos tudo. E o que lhe pedimos para fazer ela não faz. É certo que eu culpo-me imenso por ter deixado passar muitas situações que não devia, que prejudicaram a minha autoridade e o meu trabalho, mas não podia perder a única pessoa que, mal ou bem ainda me ajudava. Agora acho que já chega. Tenho que por um ponto final nisto. Estou farta de ouvir falar mal dela, e de concordar (mesmo que só para mim). Pedi-lhe uma conversa entre as duas. Vou ser sincera. Não quero perder a amizade que tenho por ela, não quero que ela fique magoada comigo, mas a única coisa que posso fazer neste momento é abrir o coração e esperar que ela compreenda e que não se afaste. O sentimento de culpa tem-me invadido os pensamentos nos últimos dias. Não quero ser injusta, mas se não aproveitar a oportunidade que tenho agora de levar este projecto mais além, posso nunca vir a ter outra. E para isto corro o risco de perder uma amizade, corro o risco de fazê-la pensar que estou a ser injusta, que usei e deitei fora... espero que seja madura o suficiente para perceber, espero que não me culpe, espero que não se afaste...

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